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Vida eterna ao deus Eros!

O Ricardo Rayol escreveu assim:

Na densa mata
noite amante, cúmplice
contorcendo-se nas folhas,
sensual leito,
dois animais em transe.

Sobre meu corpo,
firma seus quadris,
penetro, reto,
aríete de carne e sangue.

Cavalga em disparada
sufoca os gemidos
uiva, em desesperado gozo,
loba no cio.


Eu, a musa abusada, respondo:

ao homem que se entrega
dou fonte
fogo
fome

(no desatino das carnes
a morte se explica:
sou a arma
ele, o tiro)

e nos esvaímos
em prazer
antes mesmo que acabe o cio

* * *

E você, o que diz?

a epígrafe que vem pós:

Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento
Pedro Abrunhosa
E tem gente dizendo, ó:

Diovvani Mendonça:

MINHA MUSA NA CLAVE DE SOL

Inspiração
derrama nos meus olhos
um cacho de estrelas
um facho de lua
um riacho de trovas
frases de um poema
tupi-guarani
canto indígena
canto de araponga
bem–te-vi na beira do rio
acenando pra mim
desenhando n’água
colcheias semibreves
da canção que ainda vou compor.

Inspiração
me deixa ver
a melodia que guardas em segredo
na partitura do teu corpo
quero saber o que diz
a letra do canto do sabia
e assim
na mágica do instante
te engravidar
e depois de nove luas
te deitar nua
no colo do violão
fazer o teu parto
deixar no ar um acorde
para ser o berço
de nossa filha
nossa música.

(pra musa da adolescência!!!)

Marcio Hachmann:

Digo apenas: nasci voyeur sem culpa, nem medo.

Zumbi:

musa abusada
não se abusa
rasga-lhe a blusa

depois usa
suas carnes
com o tempero do cio


midi: momento - abrunhosa

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