Na densa mata
noite amante, cúmplice
contorcendo-se nas folhas,
sensual leito,
dois animais em transe.
Sobre meu corpo,
firma seus quadris,
penetro, reto,
aríete de carne e sangue.
Cavalga em disparada
sufoca os gemidos
uiva, em desesperado gozo,
loba no cio.
Eu, a musa abusada, respondo:
ao homem que se entrega
dou fonte
fogo
fome
(no desatino das carnes
a morte se explica:
sou a arma
ele, o tiro)
e nos esvaímos
em prazer
antes mesmo que acabe o cio
* * *
E você, o que diz?
a epígrafe que vem pós:
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento
Pedro Abrunhosa
E tem gente dizendo, ó:
Diovvani Mendonça:
MINHA MUSA NA CLAVE DE SOL
Inspiração
derrama nos meus olhos
um cacho de estrelas
um facho de lua
um riacho de trovas
frases de um poema
tupi-guarani
canto indígena
canto de araponga
bem–te-vi na beira do rio
acenando pra mim
desenhando n’água
colcheias semibreves
da canção que ainda vou compor.
Inspiração
me deixa ver
a melodia que guardas em segredo
na partitura do teu corpo
quero saber o que diz
a letra do canto do sabia
e assim
na mágica do instante
te engravidar
e depois de nove luas
te deitar nua
no colo do violão
fazer o teu parto
deixar no ar um acorde
para ser o berço
de nossa filha
nossa música.
(pra musa da adolescência!!!)
Marcio Hachmann:
Digo apenas: nasci voyeur sem culpa, nem medo.
Zumbi:
musa abusada
não se abusa
rasga-lhe a blusa
depois usa
suas carnes
com o tempero do cio
midi: momento - abrunhosa
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