O mundo continuava gotejante. Suas roupas também. Tirou os sapatos pensando no emaranhado em que se transformara sua cabeça: cabelos e pensamentos encharcados. A chuva fora tão inesperada quanto inesperada estava sendo sua reação. Deveria estar irritada. Fora uma grande produção pensando no ditado: o que fica é a primeira impressão. Mas estava aliviada. A chuva lavou seu senso de obediência às convenções. Ou talvez o alívio fosse de outra ordem. Ele a olharia e a dispensaria. E a culpa seria da chuva.
Entrou no shopping dividida entre vontade e necessidade. Foi direto para o banheiro. Torceu os cabelos, ajeitou as roupas e saiu sentindo os pés escorregando dentro dos sapatos. Exatamente como vinha se sentindo ultimamente: escorregando na vida. Olhou o movimento à sua volta. Ali dentro era um mundo à parte. Nenhum sinal da chuva que enchia as ruas lá fora, nenhum sinal de emoção em ebulição no rosto das muitas pessoas que iam e vinham. De tempestade, só suas emoções borbulhando insegurança. Tirou da bolsa a foto em cinza e preto, pensando na tinta da impressora que acabara. Seria possível reconhecer alguém através daqueles borrões? Tomara que não. Balançando os cabelos molhados, foi direto à praça de alimentação. Parou no lado oposto da única mesa onde havia um homem grande e de terno.
O primeiro olhar dele foi de indiferença. O segundo, uma surpresa hesitante. O terceiro virou uma sonora gargalhada que logo em seguida transformou-se em desculpas gentis. Levantou-se e puxou-lhe a cadeira. O riso continuou no olhar, colocando fogo no rosto dela e um gemido de expectativa em suas entranhas.
Duas horas depois estava ela novamente na chuva. Desta vez, com a certeza de que a faculdade estava garantida até o final do ano. O lugar era seu. A partir do dia seguinte seria acompanhante oficial de um executivo italiano. E que se danasse o sonho idiota de apenas se deitar por amor. Amor a gente inventa.
Entrou no shopping dividida entre vontade e necessidade. Foi direto para o banheiro. Torceu os cabelos, ajeitou as roupas e saiu sentindo os pés escorregando dentro dos sapatos. Exatamente como vinha se sentindo ultimamente: escorregando na vida. Olhou o movimento à sua volta. Ali dentro era um mundo à parte. Nenhum sinal da chuva que enchia as ruas lá fora, nenhum sinal de emoção em ebulição no rosto das muitas pessoas que iam e vinham. De tempestade, só suas emoções borbulhando insegurança. Tirou da bolsa a foto em cinza e preto, pensando na tinta da impressora que acabara. Seria possível reconhecer alguém através daqueles borrões? Tomara que não. Balançando os cabelos molhados, foi direto à praça de alimentação. Parou no lado oposto da única mesa onde havia um homem grande e de terno.
O primeiro olhar dele foi de indiferença. O segundo, uma surpresa hesitante. O terceiro virou uma sonora gargalhada que logo em seguida transformou-se em desculpas gentis. Levantou-se e puxou-lhe a cadeira. O riso continuou no olhar, colocando fogo no rosto dela e um gemido de expectativa em suas entranhas.
Duas horas depois estava ela novamente na chuva. Desta vez, com a certeza de que a faculdade estava garantida até o final do ano. O lugar era seu. A partir do dia seguinte seria acompanhante oficial de um executivo italiano. E que se danasse o sonho idiota de apenas se deitar por amor. Amor a gente inventa.
* * *
Um fim de semana estrelado! E beijo meu.
midi: mais uma vez - renato russo
0 comentários:
Postar um comentário