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Absolvi os chats!

Meu conceito sobre chats sempre foi o pior possível. Mas... há um tempo atrás, quando estava em busca do meu renascimento, andei entrando em salas de bate-papo. Depois de alguns dias perambulando por elas, cheguei a três conclusões: eu estava me punindo severamente, a idade da pedra está mais perto que imaginei, Chat é um grande espelho onde a gente se vê como quer.
Comecemos pela minha autopunição. Rodopiei de saia justa e saia rodada por todo tipo de chat. De papo-cabeça a dog. Após cada sessão de besteiras – em algumas, pseudo análises de Nietzsche, Platão e trocentos outros filósofos, em outras convite direto para transar com um bicho qualquer, passando por ordens sádicas como se fosse eu uma maso em busca do sofrimento que redime - eu me perguntava: quais foram os ganhos e perdas da noite? Nunca consegui encontrar respostas. Daí a conclusão: era mesmo uma forma de me punir por algo que só a minha mente insana sabia.
Mas da tal punição, apreendi alguma coisa. A maior parte dos freqüentadores de chat, na sua maioria pessoas de bom poder aquisitivo e escolaridade acima da média, está emocionalmente empobrecida, politicamente andrajosa e vogalmente miserável. Esta última merece um parágrafo especial.
Cristo, as vogais estão sumindo do nosso idioma! Não bastasse o nível baixíssimo das opiniões – isso quando se consegue emitir alguma opinião – ainda usam consoantes que suprimem as vogais. Às vezes eu tinha uma dúvida atroz: estou entre adolescentes ou voltei ao mundo das cavernas? Hora me sentia cercada de hormônios desvairados, hora chegava a sentir a dor de ser puxada pelos cabelos. Mas esta resposta também não era importante. Nada parecia ser mais importante que estar ali assassinando o idioma em busca de uma companhia. Inclusive eu – ainda que o vício me fizesse escrever todas as palavras por inteiro e eu me achasse diferente de todos. E todos nós, perdendo as vogais irremediavelmente!
Obviamente, em pouco tempo paguei meus pecados e me alcei ao paraíso – fora dali. Acha que não ganhei nada com isso? Engana-se. Não há experiência que não traga ganhos. Um dos meus grandes ganhos foi encontrar três pessoas maravilhosas que são grandes amigos. Outra e talvez a mais interessante para aquele momento: se o meu ego já era avantajado, tornou-se um monstro em altura, largura e intensidade. Sem nenhum medo de parecer vaidosíssima: sou a deusa dos chats! Além disso, ganhei a certeza de que aquela gente lá não é a escória da humanidade. São pessoas mais que comuns e que no dia-a-dia trabalham, sorriem, amam, odeiam, comem, etc. Exatamente como eu, como você.
Chat não é nem inferno nem paraíso. É apenas o espaço onde as máscaras caem e o ser humano se mostra por inteiro – usando o anonimato ou através das imagens que cria para si mesmo. Quando se consegue analisá-los de fora, como fiz, chega-se à conclusão que é uma terapia de choque. E que choque!






Um grande beijo e ótimos dias!




Midi: Bee Gees - I started a joke


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