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Poetando

calçadão

um menino
uma fome
um vazio
:
uma bomba
prestes a ferir o silêncio da omissão

o derrame
de medo dos passantes
tingindo de vermelho
a brisa caída

e a violência
batendo na cara
das camadas de acomodação


outras palavras

AdeliaTheresaCampos:

rompido o silêncio
passado o temor
fechamos a janela
o vermelho tem mais brilho
com um balde de pipoca
olhos na televisão

Lisa:

BORRÃO

E ele continua ali, pintado, caído, na vitrine do cotidiano.
Seu nome? De menor, pivete ou João de Oliveira (é ninguém perguntou)
Mas todos sabem: hoje a mãe de Joazinho não terá ele de volta ao lar.
E outros Joazinhos acabaram de nascer no Hospital dos Indigentes e novos artistas já se preparam para tingi-los de vermelho.


Wilson Guanais:

HOMO HURBANUS

trancada
em
seu
carro
(blindado)

a pessoa
e um
"não-de-guarda"

: de
vida-
mente-
adestrado
...

Dora Vilela:

um menino com fome

várias pessoas
que passam
insensibilizadas
pelas variadas fomes
que desfiguram
a verdadeira
fome de vida

dele...


* * *


Um beijo em toda gente. Com muita pressa, mas com todo carinho.


PS. Beijo especial pra Shi, pela poesia que ela nem sabe que tem!


midi: joão e maria - chico buarque

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