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volta e meia

Vou te contar:

1.
Cansei de sofrer. Chega de tentar fazer literatura. Credo, o parto é dificil demais e estou com paciência de menos para ficar escrevendo, lendo, deletando, escrevendo de novo. Tudo isso para no final parir um texto razoável - destes textos que deixam pairando sobre a gente o substantivo mediocridade. E não pense que estou querendo elogios. Medíocre é médio e estar na média, embora não vá me satisfazer nunca, é melhor que ser sofrível. Sei que você é meu amigo e quer me ver com a estima alta. Mas se existe algo que tenho de sobra é autocrítica e senso quase bom. E como se não bastassem as minhas próprias cobranças, tenho ainda a constatação: já participei de vários concursos literários e nunca ganhei nenhum. Sou sempre pré-selecionada, mas só fico na bendita média.
Então, o combinado é o seguinte: daqui para frente, volto a ser a escrevinhadora de blog que sempre fui. Nada de surtos literários nem preocupações com linguagem e forma. Meu blog vira o diário que sempre foi e pronto. E a forma de me comunicar com você continua sendo em verso ou prosa, mas sem pretensões literárias.

2.
Para fechar o ciclo pseudo-literário em que estive, resolvi publicar um livro. Mais por insistência de alguns queridos amigos, em especial um certo poeta, do que por vontade própria. E porque o certo poeta insistiu, dei-lhe o trabalho duro. Está selecionando o que tenho de melhor e que vale a pena ser publicado. Portanto, muito em breve o cenário livresco nacional ganhará mais um livrinho de pequena tiragem.

3.
Eu me importo muito com as interpretações que meus textos possam provocar. Gosto quando elas são diversificadas. E gosto quando sou elogiada. Sou narcisista, adoro ser paparicada e não nego. Antes, eu me orgulhava de ser sedutora, gostosa, coisa e tal. Hoje, quero ser interessante, divertida, etc. Não porque tenha evoluido, mas porque o tempo é amigo do bom senso e a lei da gravidade um fato indiscutíivel. Então, é preciso mudar os adjetivos, sob pena de cair no ridículo. Mas, no texto passado, ser elogiada não foi um dos objetivos. Quando eu disse que não era lida como gostaria, quis dizer o seguinte: quero ter o meu texto desconstruído. Inteiramente. Não importa como cada um lê o que eu escrevo. Importa que eu tenha provocado alguma reação. E se esta reação é coerente com a minha intenção, ponto para mim. Se não é, ponto maior ainda. Sinal que consegui provocar outras leituras.

4.
Se meu blog não é nem pretende ser uma página literária, posso fazer dele também um canal de informações literárias. É o que farei, no próximo post.

5.
Para terminar, eu poderia colar aqui o comentário do Fábio ( te adoro, viu?) - no que diz respeito à leitura. Concordo inteiramente. Fui uma educadora anarquista, sou uma leitora anarquista. E serei uma escrevinhadora de qualquer coisa (leia: abobrinhas enfeitadas e às vezes enigmáticas). Importante mesmo é que você, leitor ou leitora, continue me desconstruindo para que eu possa me reconstruir. Sempre.

6.
E agora, de volta às origens, um beijo de loba. Agradecido e cheirando a vermelhice.



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